terça-feira, 13 de janeiro de 2009

MINHA PRIMEIRA VEZ EM MADRID

E NA VIDA!

A primeira vez minha e do Bruno foi tão emocionante que depois é duro ouvir frases como:

- Nossa, olha só para o tamanho! Como é pequena!

- Que peitos murchos!

Tá bão! Você deve estar pensando besteira de um gaúcho e um são paulino.

Fala sério! Olha pra essa obra prima. Que maravilha esa muñequita de nieve! Não é um charme?

Bah tche! Somos machos!

Vou explicar essa confusão e esses trocadilhos toscos: A primeira vez que vimos e sentimos neve caindo nas nossas cabeças. A primeira vez que fizemos uma boneca (ou boneco) de neve!

Depois de tanto entusiasmo, a Lívia, após ver as fotos, disse que nossa boneca era anã. E meu pai, mais tarado, já logo disse que os peitos eram deformados. Falou que mostrou em casa pra todo mundo. Tia e avô tiraram sarro da nossa boneca.

tsc tsc tsc...Eu gostei! =)

Fizemos de uma forma bem brasileira. Conforme aprendemos no inverno de Porto Alegre e do interior de São Paulo.

Fomos pegando neve, pouco a pouco, ora fazendo bolas com a mão, ora juntando com o pé, quase desistindo na base da boneca, colando uns gravetos no chão pra simular a expressão da face, mas persistimos. Foi bom, mira que espetáculo de boneca.

Mas a surpresa veio depois. Andando pelo parque, vimos espanhóis fazendo bolas pequenas e enrolando na neve até elas tomarem forma e massa de boneco. Todos eles muito maior. Mas isso não nos abalou. Nenhum era tão bonito ou charmoso quanto a nossa.

Valeu a experiência!

Foi bom pra você?

EM 3 MESES

Descobri novos e importantes amigos. Poucos, mas especiais.

Senti saudades de uma forma que não sabia que existia.

Senti amor à distância e uma forma que não sabia que existia.

Deu vontade todo dia de ver a Lívia.

Passei alguns dos dias mais felizes da minha vida.

Com certeza, passei alguns dos piores dos piores dias também.

Vi que a solidão às vezes ajuda, mas geralmente machuca.

Senti saudades de velhos amigos.

Tirei minha carteira de identidade de estrangeiro.

Estudei como louco.

Tirei dias de férias por conta própria.

Lembrei como é foda ser pobre e não ter dinhEURO.

Planejei viagens para o Brasil que não deram certo até agora.

Aprendi a tomar banho de pé em um furo.

Senti mais e mais saudades e comecei a ficar deprimido.

Experimentei cervejas da Europa e fiz um blog pra elas.

Ouvi muita música sozinho no quarto.

Passei muitos dias no quarto.

Não vi TV (com exceção dos jogos do São Paulo).

Fortaleci minha convicção de que TV não me faz falta.

Estou estudando muito sobre TVDi.

Acabei de ver que sou ambíguo.

Mas sei também que meu projeto não tem muito a ver com a TV que não me faz falta.

Vi lugares que nunca vou esquecer.

Meu pai me visitou nas férias dele.

Descobri que os planos mudam quando se aparece uma proposta melhor.

Confirmei a certeza que os planos mudam, mas os sentimentos não.

Fiquei feliz com os acontecimentos do início do ano lá do outro lado, na família, no Brasil.

Vi a primeira vez uma parada de Dia de Reis.

Na parada, ouvindo um bêbado do meu lado falar para uma criança: Baltasar me dará una Ferrrrrrraari!

Vi a criança não ligando pro estado dele, só de divertindo muito.

Vi crianças sorrindo e acenarem para os reis no desfile.

Descobri técnica nova: quando se está na multidão, é só levar escada pra ficar mais alto que todo mundo. (se isso fosse feito no Brasil, com certeza voariam latas de cerveja, pedras e tijolos...)

Estou lendo Dostoievski em espanhol graças ao Bruno.

Conversei com a Carla hoje e me deu muitas saudades dela e da Gabi e do Felipe.

Faço academia quase todos os dias.

Continuo dando muita risada mesmo estando triste alguns dias.

Comi mais McDonald’s mais que na minha vida toda.

Vi a maior nevasca da minha vida caindo em frente à minha janela e depois na minha cabeça.

Fiz a primeira boneca de neve anã de peito torto da história.

Participei da primeira guerra de neve da minha vida.

Senti muito frio.

Recebi muitas e muitas boladas de neve.

Acertei também muitas boladas de neve.

Virei madrugadas estudando por não conseguir dormir (como hoje).

Terminei de escrever esse relatório trimestral que tenho certeza que não será aceito pela CAPES... rs.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

THE LOGICAL SONG

Supertramp

Quando eu era jovem, parecia que a vida era tão maravilhosa. 
Um milagre! Tão bonita! Tão mágica!
Os pássaros nas árvores cantavam felizes, alegres e brincalhões, me olhavam. 
Foi então que me ensinaram a ser sensato, lógico, responsável, prático. 
Me mostraram um mundo onde eu poderia ser dependente, doente, intelectual, cínico. 

Certas noites, quando todo mundo dorme, 
Aqui dentro questões correm profundas demais para um homem tão simples. 
Por favor, me diga o que aprendemos.
Pode soar absurdo, eu sei, mas por favor, me diga quem eu sou. 

Eu digo: 
Cuidado com o que você diz, ou poderão te chamar de radical, liberal, fanático, criminoso.
Você não vai poder assinar seu nome.
Gostariam de sentir que você é aceitável, respeitável, apresentável.
Um vegetal! 

À noite, quando todo mundo dorme, 
Questões correm tão profundas para um homem simples como eu.
Por favor, me diga o que aprendemos.
Eu sei que soa absurdo, mas por favor, me diga quem eu sou. 
Quem eu sou...

Tradução livre pra ficar mais parecida comigo. A música é fantástica! A letra, perfeita! E combina com essa madrugada, com várias e várias outras já passadas, com a hora da postagem...
Bom, agora vou dormir. Ou não...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

1 de Janeiro

Acordei tarde, pouco antes das três da tarde. Falei com a Lívia e meu pai e sai pra comer porque perdi o almoço da Casa do Brasil.

Andando pela rua, pensei: 1 de Janeiro de 2009 e cá estou eu em Madrid.

Dois meses e meio já passados. Para algumas coisas parece que o tempo passou devagar demais, para outras, parece que foi rápido.

Comentei isso agora mesmo com meu pai no msn, depois dele me falar: - Agora que percebi, a data, 1/1. Estamos em janeiro de 2009.

Pois é! Parece que foi ontem que me convidaram pra vir pra cá.

E o pai disse:

- Tava previsto para um dia desde longa data, lembra? A vida é assim, a gente só percebe quando acontece, a demora vai se diluindo no tempo.

...a demora vai se diluindo com o tempo. Esse trecho final da frase ficou na cabeça...