escrevendo o que às vezes não sai falado... "Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir". (Fernando Pessoa)
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Barbas brancas
Os cabelos brancos, a calvície que chega aos poucos, as rugas nunca antes vistas, a barba começando a ficar grisalha. A fortaleza que persiste apesar da incapacidade de domar o tempo. A mesma preocupação de sempre com as crias, o mesmo desapego em função de quem se ama, a mesma alegria, que marcada por experiências também tristes, persiste no olhar de aprovação e de torcida. Uma pequena conquista daquele pequeno, e hoje grande homem barbado, é recebida como se fosse a primeira. Não precisa nem ser nova, não precisa nem ser única, a aprovação sempre está nos seus calmos, profundos e molhados olhos verde-alaranjados. Caminho, com uma adiantada nostalgia, porque sei que o destino me espera da mesma forma. Há mais de onze anos penso se a reação dela não seria a mesma dele. Como seria o olhar, qual seriam as palavras? Riríamos e choraríamos em quatro, como antes? Abraçados em círculo na sala olhando os olhos uns dos outros e sentindo o mesmo calor? Com certeza ela teria reações muito parecidas de seu velho e fiel companheiro. Antes parecia que envelhecíamos e nada mudava. A alegria e a inocência da infância, a vontade e ambição da juventude, foram ingredientes que não deixaram ver o tempo passar. Hoje, quando pára e olho, me dou conta das minhas próprias barbas brancas, do meu cabelo já ficando escasso, das minhas rugas e de marcas que minha pele antes não conhecia. Amanhã sei que a força não será a mesma, tampouco a disposição. Meu filho, que cresce a cada dia, ficará grande. Minha menina, que hoje está quase nascendo, andará com suas próprias pernas. Mas o avô deles me ensinou que cada conquista é única, por menor ou repetida que seja. Mostrou a importância de estar por perto sempre que precisarem, mesmo que isso signifique ficar longe. E a avó, me mostrou que é importante que eles saibam que tudo podem e tudo conseguem, desde que não tenham que atropelar ninguém. Basta ter muita força de vontade e persistência. O mundo é dos fortes, não dos tolos. Mas o mundo é também dos bons. O tempo mostra isso, assim como eles, juntos, mostraram que a família vem antes de tudo e que o amor e a união são as melhores armas e armaduras para qualquer ocasião.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário