terça-feira, 19 de junho de 2012

Volta

Quando a luz apaga fica o medo. O medo e a esperança. O medo do incerto. A esperança do que está por vir. A incerteza de ter feito a coisa certa. A descrença no que de concreto resta. Quando a dor lateja fica a força e a agonia. A força pra suportar a eternidade. A agonia em  viver cada novo instante. Fica o medo, a esperança, a força e a agonia. Fica o choro, a revolta, a alegria e a lembrança. O choro por aquilo que passou, a revolta em não entender, a alegria da vida vivida, a lembrança da vida partida. O choro de tristeza, a alegria doída. A revolta por não saber se amanhã os olhos se abrirão. Como é grande a vontade de olhar de novo pr'aquele semblante que sempre trouxe paz. A lembrança que marca. Suave e eterna até o fim. O sangue corre, o pulso lateja, a janela brilha. Brilha um brilho opaco. Uma penumbra que lembra o fim do dia. O dia vai, a noite vem, os olhos não mais vêem. Fica o soluço, o suspiro, a incerteza. Fica o cheio, fica o vazio. Fica o suor, a calma, a paz, fica o sono sonhado. A noite dormida, o corpo relaxado. Amanhã você acordará bem. 

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