quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O ano que eu vi um Beatle

Não tem explicação para descrever a histeria que esse Sir de Liverpool ainda provoca nas multidões.
Esse show me ajudou a entender melhor o que foi a reunião de 4 rapazes ingleses em um mesmo espaço, tocando, cantando e mudando o mundo. 


 


Já passei por vários espetáculos, mas nenhum se compara dividir o mesmo espaço com Paul, para vê-lo e ouvi-lo.
Não vi os Beatles, mas posso dizer que um dos sonhos musicais da minha vida está completo. Vi Paul MacCartney. 
Let it be!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Vou ser papai de novo!

Hoje a notícia é oficial: VOU SER PAPAI DE NOVO!
To feliz!
O João Lucas também. Não vê a hora do nenê novo chegar! =)
E a Lívia, pra variar, já tá enjoando!
Comemoremos todos!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Na expectativa

Olha que bonitinha a música!
Tomara que ele toque.
Desde já fica a expectativa. Na hora vou lembrar da Lívia. 
Sempre que ouço, lembro!
Sempre! Here, there and everywhere!
Mas desde já este post é pra ela! 
Amo muitão!





Duas versões que gosto muito, do Paul! A dos Beatles também é muito boa!


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pedidos liberados

DT COMPRA
PEDIDO

Eu não disse que daria certo?
Eu, Alex e Ademar!
Os novos Beatles. Paul que nos aguarde!
=)
(tava pra postar isso aqui faz tempo, mas não deu. mas a felicidade é a mesma.)

Perfeito

O final de semana que passou foi perfeito.
Muita correria que rendeu a festa de aniversário mais linda de todos os tempos.
Primeiro aninho do João Lucas, com direito a camisa personalizada feita pelo padrinho.
Mamãe escolheu o tema da festa: fundo do mar.
Padrinho escolheu o complemento: Yellow Submarine!
 
Sábado festa, domingo churrasco! Faz tempo que não me sentia feliz igual.
De novo, só dá pra agradecer. Valeu filhão! Mais importante que tudo.
Carla, Gabi, Felipe, só não foi completo porque faltaram vocês! Mas estavam com a gente em pensamento. Eu sei.
Obrigado a todos que foram. Obrigado vovô, bisavô, mais vovô, bisavó, avó, amigos, família. Todo mundo.
Amamos vocês. 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Contando os dias

Falta um dia para o aniversário do Lucas! Um ano de felicidade pura. Melhor presente!
Falta um mês para o show do Paul! Eu vou! =) 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ontem e Amanhã

Há exatamente uma semana testemunhei o relato de um amigo. Grande Carlos me disse: Você vai ver! Não dá pra acreditar que 3 caras fazem tudo aquilo!
É isso Barata, não dá pra acreditar mesmo.


Daqui pouco mais de um mês, quero estar vendo algo mais ou menos parecido com isso!


Tudo bem! Não deu certo na primeira pré-venda, mas eu ainda pego o meu. 


Eis um post otimista. Já que não vi todos os Beatles, pelo menos um tem que dar certo!

Meu homenzinho!

Nunca pensei que um dia fosse amar um banguelo careca barrigudinho. Mas assim é. Aperto e mordo ele todos os dias. Tem que ver como fica feliz. É a cara do pai. Gosta de ler bastante e se diverte calculando derivadas e integrais. Nas horas vagas, claro. E como não poderia deixar de ser, curte o bom e velho rock n' roll. Anda até fazendo planos para ir no show do Paul com o papai. Meu homenzinho, como diria meu oráculo, o sábio Shrek.

Ao mestre com carinho

Parabéns Professores! Esse dia precisa ser celebrado. E muito! 
Brindemos à perseverante vontade de ensinar. Nem sempre correspondida já que não são todos que  têm vontade de aprender.
Mas o que importa mesmo é essa paixão pelo conhecimento que vem não sei de onde e que  compartilham todos os dias. 
Feliz Dia dos Professores!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

HELP!

Please, please, help me, help me!
Começa a 0h desta sexta a pré-venda de ingressos para o show do Paul!
Eu não tenho os cartões que estão pedindo. =/
Help me if you can, I'm feeling down.
Won't you please, please, help me, help me, help me? 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O curso do rio

Ontem recebi um recado importante. Foi-me dito algo mais ou menos assim: Seja como o rio, que desce montanhas fazendo curvas até atingir seu objetivo. O rio não sabe subir montanhas e não se preocupa com isso, apenas busca o seu destino.
Como não podia ser diferente, essas palavras fizeram com que eu praticasse meu esporte favorito: pensar.
A mensagem me fez entender fatos de extrema importância. Fatos que talvez nunca tivesse analisado por esse prisma.
O rio não tenta subir a montanha simplesmente porque sabe que essa não é a sua natureza. Não luta contra isso, mas tampouco se acomoda. Suas águas sempre correm leito abaixo não por ser mais fácil, mas porque isso faz parte de sua índole, dos seus objetivos. O rio não é passivo porque aprendeu a correr desde jovem, ainda na sua nascente, marcando presença nas terras por onde passou. É forte e sabido. O curso da sua correnteza deixa marcas profundas, quase eternas, no relevo que desbrava. É inteligente, pois sempre soube superar obstáculos, ora transpondo-os, ora achando a melhor forma de contorná-los, sem nunca se esquecer de qual era o seu destino, correndo sempre para o oceano. O rio nunca pensou em não ser rio, mas também não se privou de aprender a correr melhor.
Obrigado pelas palavras. Agora sei que muitas vezes me falta ser rio. 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O que é a vida?

Foi com esta pergunta que Abujamra fechou o Provocações de ontem, entrevistando o autor de telenovelas Lauro César Muniz.
Fiquei pensativo e não achei resposta. Olhando para o nada como querendo entender, mas sem nada na cabeça para pensar. 
Escrevo sem nada a comentar. Apenas para compartilhar e deixar em aberto para quem quiser arriscar uma resposta nos comentários. 
Eu ainda não tenho a minha. 
O que é a vida?
...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Salve, salve a DEMOCRACIA

Hoje, ouvindo a rádio e o noticiário local, me atentei para uma declaração de um professor de ciências políticas que me fez refletir e tirar o chapéu. Era algo mais ou menos assim: Enquanto houver Tiririca, haverá democracia!
Essa frase ganhou meu respeito imediatamente.
Pelo menos algo bom para se entender desse desastre que andam chamando de fenômeno. Admiro e respeito decisões democráticas. Abomino o autoritarismo e tentativas de restringir a liberdade de expressão e de manifestação de todo e qualquer tipo de crença, gosto, credo ou seja lá qual for a particularidade. 
Só continuo achando que a manifestação popular poderia ter escolhido outra forma de protesto. Se é que essa expressiva votação pode ser chamada de protesto e não só de alienação. Digo isso, porque vi também pela TV, hoje de manhã, que muitos votaram no palhaço pois o acham engraçado. 
Não venho apontar culpados para a situação ter chegado a tal ponto da seriedade ter virado motivo de gozação. Tampouco sou o mais indicado para direcionar essa discussão. Apenas externalizo minha opinião.
Apenas passei por aqui para celebrar algo que está se consolidando cada vez mais em nosso país. E isso é um bom sinal. 
Salve, salve a democracia. 


(Perdoem-me pela desatenção, mas não guardei o nome do professor que mencionei. Mas reportagem foi da equipe de jornalismo da Nova Onda FM/Mogi Guaçu/SP).

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Campanha adote um abestado

Em São Paulo temos mais de 1,3 milhão de abestados.
E graças a eles, no Congresso, em breve, teremos o mais famoso de todos. 
Eu que sempre acreditei que o Brasil era o país do futuro, agora me vejo lançando um empreendimento!
Seja bem vindo à campanha ADOTE UM ABESTADO.
Já que nenhum deles sabe o que fazem aqui e para que servem, você pode tirar proveito. 
É bem provável que até achem graça e caiam na risada.
Não diria isso jamais em situações normais, mas eles merecem.
Pois é minha gente, estou revoltado!

Pesquisa Eleitoral: tire suas conclusões

Quem teima em fazer apologia contra pesquisas não entende nada de markenting ou estatística. 
Preste atenção naquilo que foi dito nas últimas semanas para ver que o 2° turno era provável.
Estou de acordo com as afirmações que dizem que é o voto o responsável pelos resultados das eleições. Mas não perceber indícios empíricos é uma falha. 
Não se trata de jogo de azar ou adivinhação. É ciência e dá resultado. 
Também não quero afirmar que a pesquisa é soberana e onipotente. Só digo que a eleição é um fenômeno mensurável e por isso, digna de previsão e erros. 
Os números que ai estão só refletem o desempenho verde na reta final da campanha. E as pesquisas mostraram as oscilações dos últimos dias. 
Só basta querer e ter um pouco de boa vontade para ver que o resultado do primeiro turno estava previsto depois que a Marina mostrou para o que veio. 


Agora você me pergunta se existem interesses, direcionamentos? Respondo que neste caso,  a história é outra. Apenas falei da pesquisa em sua essência, da sua natureza. Se bem feita, mostra a realidade. Qualquer outra forma que fuja às regras, não fazem parte destas rápidas considerações. 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando o rock nacional era música


E ainda é tão real! Mesmo sabendo que o tempo não pára.

Motivo de orgulho

Um dia desses, um velho amigo escreveu no meu orkut que logo, logo, o meninão estará me dando muito orgulho. 
Agradeço suas palavras e entendo a manifestação de carinho, embora não concorde plenamente. 
Eu sinto um profundo orgulho desde quando soube que o Lucas começava a tomar forma. Seus primeiros remelexos e chutes na barriga da Lívia foram motivos de sorriso e felicidade.
Depois que ele nasceu, quando pela primeira vez pude ver seu soninho profundo, fui tomado de uma admiração sem tamanho. 
O primeiro colo, a primeira vez que deitou no meu peito, os chorinhos e resmungos de fome ao longo da madrugada. Seu primeiro olhar me fitando profundamente, como se pudesse ler minha alma, seus primeiros gracejos. Tudo isso me deu imenso orgulho. 
Não tem como não se encantar com o primeiro sorriso e com todos os outros que vieram depois. O início de sua jornada no tapete da sala, ao buscar um molho de chaves, me causou assombro em julho passado. 
Me orgulho de chegar em casa e ver ele olhando para a porta, apontando o indicador e abrindo um sorriso depois que abro e entro. Suas palminhas e suas risadas, as gargalhadas gostosas. A sua maneira única de apertar o meu nariz e do vovô, as vezes que beija e morde a mamãe. Os sonzinhos, a atenção nas conversas, a primeira papinha. 
Me deixa mais que feliz o despontar dos primeiros dois dentinhos. Quase um coelho, se não fossem aparecer primeiro na parte inferior do seu maxilar. 
E antes de ontem, a noite, foi difícil conter as lágrimas depois que ele andou vários e vários passos sem segurar em lugar algum.
Com quase um aninho ele já é o responsável por boa parte de toda minha felicidade e satisfação. 
Tenho orgulho de você filhão, muito, muito, desde sempre e para sempre! Papai te ama!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ctrl+C Ctrl+V

Sou eu ou Lucas?!? 
É impressionante, deram ctrl+c em mim e ctrl+v no Lucas!
Eu era assim quando pequeno. Uma graça. Verdadeiro charme. =).
(hehe... a Lívia vai amar esse post).

Superstar





Acenando para a platéia! 
Em coro, todos gritavam seu nome!
(Batizado do João Lucas. 12 Set 2010, Igreja do Rosário, Capela, Mogi Guaçu/SP)


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Educação Digital: A internet pode prejudicar o pensamento profundo?

Tenho minhas dúvidas a respeito do ponto de vista da entrevista lincada abaixo. Mas dúvidas sempre são bem vindas. Fazem pensar. 

Educação Digital: A internet pode prejudicar o pensamento profundo?: "Entrevista publicada na Folha de S. Paulo: A internet obriga a pensar de forma ligeira e utilitária. JORNALISTA QUESTIONA SE O GOOGLE AFETA A INTELIGÊNCIA HUMANA E RECOMENDA RESTRINGIR O USO DE COMPUTADORES NAS ESCOLAS E EM CASA..."

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DEMOCRADURA OU DITOCRACIA?

Hoje, não bastasse ter que rebater denúncias infundadas de quem não tem informações suficientes e mal sabe falar, chegando em casa para almoçar, descobri que não posso ser eu.
Deixe-me explicar. Moro em um condomínio, que por ser novo ainda não tem normas. E por não ter normas, não tem restrições. Mas acham que têm. Por isso, fui notificado que tenho que tirar um banner da candidata a deputada estadual que apoio, pois dois moradores reclamaram.
Quando o Brasil jogou, eu, e outros mais, mostramos nosso apoio, dependurando bandeiras nacionais. Somos patriotas, pensei. E se somos patriotas, temos a obrigação de zelar pelos nossos direitos democráticos.
Até onde sei, sou um cidadão de um estado que me permite ter ideologias e filiações políticas. Sou um cidadão capaz de professar minha fé e minhas crenças. Sou um indivíduo que pode torcer e, se quiser, até ser fanático, por um time de minha preferência.
Nada, nem nenhum regulamento pode ser maior do que os direitos que a constituição me dá.
Sou livre e, desde que não fira e interfira na individualidade de outros, posso manifestar meus gostos, sentimentos, paixões e convicções.
Se tivesse participado de uma decisão democrática para estabelecer normas, com certeza as teria cumprido. Não sou dono da verdade e nem posso me indispor e contrariar o gosto da maioria. Fui criado assim e assim sou.
Mas não fui consultado, assim como nenhum outro morador foi.
Eu sinto muito em dizer, mas você, que veste verde-amarelo somente em copas do mundo, ainda não aprendeu ser cidadão. Você que se fantasia de bandeira a cada quatro anos, não sabe que tem direitos, por isso, tenta ferir os alheios.
Ou tomamos ciência do nosso papel, ou tomamos sol em uma praia deserta para o resto da vida. 

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ser ou Estar

Eu sou nervoso ou estou nervoso?
Você é deprimente ou está deprimido?
Nós somos folgados ou estamos cansados?
Hoje estou puto por conta de pessoas que não respeitam o ponto de vista dos outros. Gente intransigente, que lança mão de argumentos esdrúxulos, faz com que meu olho, que é puxado, esteja agora latejante.
O bom da nossa língua é essa variedade que ela permite. O ser e o estar, primos do famoso to be, cá pelas nossas bandas, podem ser usados para exprimir idéia daquilo que é intrínseco ou para expressar condição e estado.
Melhor aproveitar a situação para escrever isso do que para realmente falar o que estou sentindo. É bem mais ameno e, tirando meu estômago e meus olhos, não machuca mais ninguém.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Herdeiros são agora da virtude que perdemos

Ontem, em um churrasco entre amigos, conversando sobre tudo, a prosa tomou rumos eleitorais. Como não pode deixar de ser entre pessoas que se preocupam com o futuro. 
É duro constatar que essa não é a realidade de todos, tampouco de muitos. A maioria se diverte, sem o mínimo de repúdio, com a barbárie instalada em nossa campanha política.
A banalidade que tomou conta do horário gratuito, mancha nossa dignidade e fere nossa reputação. Nos chamam de imbecis sem nenhum pudor. A mínima inteligência não é respeitada. 
Confundem futebol, circo, pornografia e estrelato, com algo que deveria ser o assunto mais sério desse período do ano. 
Amigos, estou tomado de profundo amargor. Não poderia ser diferente ao ver e ouvir figuras caricatas tentando piorar o que está ruim. Não se iludam, pior do que está, fica sim!
E não me venha dizer que não gosta de política. Nossa vida é política, nossas relações são políticas. Existem outras formas de protesto que vão além de aceitar a condição imposta de espectadores de um picadeiro bizarro. A nossa chance é agora. Daqui alguns dias estaremos votando. Pensa, reflita e vote com carinho, com o coração. Mas principalmente vote com consciência e não se deixe iludir. 
É triste ver compatriotas pensando que a situação instaurada é normal. 
Como sempre, não tem como não pensar no Lucas e em todos que agora crescem. O futuro deles é nossa responsabilidade. E estamos sendo responsáveis?
O que estamos deixando para nossas crianças? Por enquanto algo como um mundo sem virtudes, com padrões de ética e de moral tão alheios à minha capacidade de entendimento quanto um texto escrito em aramaico culto. Dizem que são novos valores para uma nova sociedade. Digo que é a banalização dos valores graças a novos discernimentos comprometidos.
Queria que fosse diferente. Muitos de vocês também queriam. 
Me aborrece porque da forma como está tenho quase certeza que eu não sou daqui.

Tabacaria


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


Álvaro de Campos (Fernando Pessoa, 1888-1935)


Hoje eu tô meio Álvaro de Campos.
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!


Quem é que nunca esteve?!?
Não sei bem como estou, ou exatamente o que sou, mas sei que tenho em mim todos os sonhos do mundo.